domingo, 17 de setembro de 2017





CAIXAS FECHADAS



Havia muitas caixas de  pela casa, abri todas elas, mas nada encontrei daquilo que voce me perguntou.

Procurei em todos os cantos, até aqueles em que havia teias de aranha.

A procura me fez sentir em uma camisa de força.  

E para me libertar destas amarras, daquilo que me causava um nó na garganta e lágrimas represadas e sem saber sua razões, corri. 

Corri, corri mais do que meus próprios passos em direção ao alto da montanha. 

De lá São José dos Campos, cabia inteira  em um só olhar. 

Tudo tão pequeno, diante da imensidão das montanhas, cobertas por um verde que resisti aos cortes do Homem com suas serras. Tudo tão pequeno diante daquela imensidão azul.

Um azul que crescia quanto mais onipotente a luz do sol.

Ouvi o canto dos pássaros, senti as carícias do vento e o sol sob minha pele úmida e fria.  

E assim meus pensamentos foram pouco a pouco sendo drenados de todas as minhas caixas e todos meus cantos. 

As caixas foram paulatinamente e sem esforço esvaziadas do vazio que me angustiava.

Do vazio que exigia de mim vestes com um tamanho maior do que eu.

Livre  de mim mesma ou dos conceitos que me deixavam em um labirinto, achei uma resposta.

Assumi minha pequenez diante da imensidão do mundo e minha grandeza diante da minha pequenez. 

E me reencontrei na imensidão da vida.

sábado, 9 de setembro de 2017


Mar co

Teus pés na areia branca, livres de calçados, agora se deleitam com a liberdade. Tuas pisadas agora são macias e lentas, como se quisessem sentir ao máximo o toque da maciez e calor daquelas partículas granulosas.

A espuma do mar sussurra  ao se desfazer como bolhas de sabão sobre teus pés.

Teus rastros serão absorvidos pelas águas do mar ou vento, já os rastros inscritos em teu corpo serão incorporados em tua pele.

Sentes os respingos das ondas do mar, sentes as gotas que brotam de ti.

Contemplas a cor, o silêncio, a imensidão e o movimento do mar e depois tu  mergulhas naquele útero úmido.

Tu deixas ser levado pela correnteza, tu andas contra a correnteza, tu te soltas naquelas águas verdes como a cor dos teus olhos.

Mergulhastes tantas vezes que tu tens a sensação que um peso foi tirado do teus ombros.

Agora tu abres para a luz do sol para secares teu corpo, sentires o calor e o ápice da tensão aplacada. E assim tu relaxas teus músculos do corpo e da alma.