CAIXAS FECHADAS
Havia muitas caixas de pela casa, abri todas elas, mas nada encontrei daquilo que voce me perguntou.
Procurei em todos os cantos, até aqueles em que havia teias de aranha.
A procura me fez sentir em uma camisa de força.
E para me libertar destas amarras, daquilo que me causava um nó na garganta e lágrimas represadas e sem saber sua razões, corri.
Corri, corri mais do que meus próprios passos em direção ao alto da montanha.
De lá São José dos Campos, cabia inteira em um só olhar.
Tudo tão pequeno, diante da imensidão das montanhas, cobertas por um verde que resisti aos cortes do Homem com suas serras. Tudo tão pequeno diante daquela imensidão azul.
Um azul que crescia quanto mais onipotente a luz do sol.
Ouvi o canto dos pássaros, senti as carícias do vento e o sol sob minha pele úmida e fria.
E assim meus pensamentos foram pouco a pouco sendo drenados de todas as minhas caixas e todos meus cantos.
As caixas foram paulatinamente e sem esforço esvaziadas do vazio que me angustiava.
Do vazio que exigia de mim vestes com um tamanho maior do que eu.
Livre de mim mesma ou dos conceitos que me deixavam em um labirinto, achei uma resposta.
Assumi minha pequenez diante da imensidão do mundo e minha grandeza diante da minha pequenez.
E me reencontrei na imensidão da vida.